Estudo: histórias de embalar melhoram condições de sono em pediatrias

World Sleep Congress 2019

Os resultados preliminares, numa amostra de pais/cuidadores, indicam que as crianças hospitalizadas, a quem foram lidas histórias de embalar, sentem-se felizes (46,7%) ou muito felizes (40%) após cada sessão de leitura.

Além disso, nos dias em que as crianças ouviram histórias, faziam menos resistência em ir dormir, quando comparado com os dias em que não houve leitura de história e com o que acontece em casa.

Todos os pais e cuidadores inquiridos nesta análise consideraram estas ações benéficas, afirmando que foram úteis (33,3%) ou muito úteis (66,7%) para lidar com a hospitalização. Os principais motivos referidos foram: o momento de contar histórias acalma as crianças (26,7%) e aproxima as famílias das rotinas que habitualmente têm em casa (13,3%).

O estudo, apresentado no World Sleep Congress, que decorre até 25 de setembro em Vancouver (Canadá), analisou o trabalho desenvolvido pela equipa de voluntários da Associação Nuvem Vitória – um projeto de promoção do sono que todos os dias (entre as 20h e as 22h) lê histórias para pacientes pediátricos (desde o nascimento até aos 21 anos).

A psicóloga e especialista do sono, Teresa Rebelo Pinto, que coordenou este estudo, lembra que “a promoção de comportamentos saudáveis do sono é importante em todos os contextos, assumindo particular relevância no contexto hospitalar, já que a má qualidade do sono pode interferir na regulação do sistema imunitário, e consequente recuperação”. O estudo pretende ainda avaliar o impacto na mudança de atitude face ao sono dentro do hospital, relembrando todos os colaboradores da importância de baixar o nível de luminosidade e de ruído durante a noite. “Ao questionarmos os voluntários sobre como dormiam na noite em que vão contar histórias, ficámos a perceber que embora 59,5% se deite mais tarde que o habitual, 93,2% dos 206 voluntários que responderam ao inquérito sente que dorme melhor! Isto reforça a ideia de que o trabalho desenvolvido pela Associação Nuvem Vitória tem impacto nas crianças e famílias internadas, no staff hospitalar e nos próprios voluntários.”

Teresa Rebelo Pinto, psicóloga e voluntária da Associação Nuvem Vitória, no World Sleep Congress 2019 em Vancouver (Canadá)

“Quando começámos a contar histórias de embalar no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o projeto piloto que fizemos deu-nos logo um feedback muito importante sobre o impacto que a Associação Nuvem Vitória teria no sono destas crianças.

Hoje, mais de 10.600 horas de voluntariado depois, já lemos mais de 34 mil histórias de embalar, estamos presentes em sete hospitais e contamos com mais de 500 voluntários formados como contadores de histórias”, revela Fernanda Freitas, Presidente da Associação Nuvem Vitória. “E não podemos esquecer que ao trabalhar junto das equipas de saúde acabamos por envolver toda a comunidade na adoção de procedimentos amigos do sono”, acrescenta.

“Enquanto especialista do sono, mas também como voluntária da Associação Nuvem Vitória, é um enorme privilégio marcar presença no World Sleep Congress, um congresso onde estão reunidos os principais nomes da Medicina do Sono, com um projeto único no mundo”, diz Teresa Rebelo Pinto.

Cátia Reis, do CENC – – Centro de Medicina do Sono e do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina de Lisboa

Além de Teresa Rebelo Pinto, ligado ao CENC – Centro de Medicina do Sono, do estudo participaram também Rosário Ferreira, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Lisboa – Centro Académico de Medicina de Lisboa, Clementina Almeida, do Centro ForBabies (Porto), Cátia Reis, do CENC e do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina de Lisboa, bem como Carolina Maruta, do Católica Research Centre for Psychological, Family and Social Wellbeing da Faculdade de Ciência Humanas da Universidade Católica de Lisboa.

A elaboração deste estudo foi financiada com o apoio do Lidl Portugal, cuja Campanha de Natal de 2018 reverteu a favor da Associação Nuvem Vitória.

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